quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

EXISTÊNCIA: EXISTE UM PROPÓSITO?, Crônica de Claudio Miranda



EXISTÊNCIA: EXISTE UM PROPÓSITO?

Os materialistas são aqueles que não veem um propósito na existência. A vida é um acidente da probabilidade. Do outro lado, estão aqueles que acreditam na Providência, aqueles que veem um propósito para a vida.

Decidido o lado - e no meu caso, estou entre os que veem um propósito, uma vontade inteligente atrás do universo criado -, ainda permanece a necessidade de discernir que propósito é este. É inevitável a pergunta: por que eu existo, e o que devo ser e fazer para cumprir este propósito?

Para quem crê naquilo que a Bíblia diz, a primeira pergunta está respondida: existo para a glória de Deus. É isto que se depreende do texto bíblico: fomos criados para a sua glória.

No entanto, isto só resolve em parte. Permanece a necessidade de resposta à pergunta sobre o que devo ser e fazer para glorificar a Deus. A questão é complexa, porque verificamos duas formas de existir: a vida inconsciente, e a vida consciente. Naturalmente, deve haver duas formas de glorificar a Deus: uma para a vida inconsciente, que o faz mecânica e naturalmente; e, outra para a vida consciente, que deve ser fruto de uma decisão racional.

Portanto, a vida inconsciente, glorifica a Deus ao cumprir aquilo que é próprio de sua natureza: os peixes nadando, os pássaros voando, a aranha construindo sua teia, e as abelhas fabricando o mel.

Mais complexa é a resposta quanto a como a vida consciente glorifica a Deus. Quem o determina? Um pássaro não pode não voar; eu posso decidir quanto a andar ou não andar. O exercício da racionalidade inclui a capacidade de pensar, de decidir à favor ou contra alguma coisa. E, isto nos põe diante da tarefa de responder a pergunta: o que devo ser e fazer para glorificar a Deus?

Quem nos tornamos, é o resultado da nossa decisão, da nossa escolha sobre a maneira que melhor podemos glorificar a Deus. Eu decidi glorificá-lo com as melhores habilidades que consigo para anunciar o evangelho, outros decidiram glorificá-lo sendo lavradores, advogados, construtores, criadores de cabras, ou qualquer outra atividade. Outros, rejeitando o propósito para o qual foram criados, decidiram viver para si mesmos, para conseguir vantagens pessoais, e se tornaram exploradores das possibilidades alheias. Como vampiros existenciais, vivem do sangue do outro: roubam, mentem, enganam...

Paulo nos informa que eles se tornaram em tais, por haverem rejeitado o conhecimento de Deus: "porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças; antes, SE TRONARAM NULOS EM SEUS PRÓPRIOS RACIOCÍNIOS, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos... E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes" (Rm 1.21, 22, 28).

Por trás da rejeição do conhecimento de Deus há uma regressão, uma insensatez. É preciso abandonar a lucidez e se tornar nulo em seu raciocínio, para se negar aos propósitos de Deus: "Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam iniquidade" (Sl 53.1).

Negar-se ao propósito de glorificar a Deus, é contrário à natureza da vida consciente. É como se o peixe se recusasse a nadar, o pássaro a voar e a abelha a fabricar o mel. O exercício da razão, da forma mais consciente, é entregar-se aos propósitos de Deus. Há uma sabedoria no chamado do Evangelho à obediência aos propósitos de Deus; rejeitá-lo, é perder-se. Para aqueles que se perdem, o Evangelho é loucura!

Claudio Miranda


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